Curiosidades
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Um dos principais agentes da febre maculosa, o carrapato-estrela vive em regiões pastosas e está sempre à espera de um novo hospedeiro. Com alto potencial de letalidade, o parasita é um risco para a saúde de humanos e outros animais.
Por isso, entender seu ciclo de vida, seus períodos de procriação e locais em que mais se concentram é fundamental para prevenir a mordida desses carrapatos em nós, humanos, e também nos nossos bichinhos.
Vamos falar um pouquinho do carrapato estrela, como vivem e o que fazer em casos de mordida? Boa leitura! 🔎
Amblyomma cajennense é o nome científico do popular carrapato-estrela, aracnídeo ectoparasita que se alimenta do sangue de alguns animais para sobreviver.
Esses parasitas têm um ciclo de vida curto (anual), mas altamente funcional, e necessitam de três hospedeiros para completar seu ciclo de vida. Isso quer dizer que, de acordo com cada etapa desse ciclo, ele precisa “migrar” para três animais diferentes. É um processo denominado trioxeno.
Após copular com o macho, a fêmea desgarra-se da pele do animal hospedeiro e vai para o solo. A partir daí, inúmeros ovos são depositados em lugares protegidos, geralmente em folhas de plantas ou árvores. O interessante é que a fêmea acaba morrendo após esse processo.
Se os ovos resistirem ao clima e conseguirem sobreviver, os filhotes nascem em formato de larvas (também conhecidos como “micuins”). Como são centenas e, às vezes, milhares de crias, eles se juntam em pontas largas de folhas à espera de pular no primeiro hospedeiro do seu ciclo de vida.
Essa busca pode demorar bastante até que encontrem esse animal. As larvas, ao contrário das outras etapas de vida desse parasita, apresentam um comportamento menos ativo em busca de um hospedeiro, podendo ficar em repouso de 9 a 11 semanas.
A partir do momento em que estiverem hospedadas, se alimentam por cerca de cinco dias. Após o final do processo, pulam novamente ao solo para dar continuidade ao ciclo.
Na zoologia, ecdise é o nome do processo de mudança do exoesqueleto de um ser vivo. Nos carrapatos-estrela, esse é o período de principal mudança em seus organismos. Depois de um período no solo, se tornam ninfas e voltam a ficar nas pontas das folhas à espreita de um novo hospedeiro.
Ao se fixarem no segundo hospedeiro, fazem o processo chamado de “repasto sanguíneo”, uma espécie de troca do sangue do primeiro animal. Após isso, voltam novamente ao solo para a segunda ecdise.
É o último ciclo dos carrapatos-estrela, pelo menos para as fêmeas. Após encontrarem um novo hospedeiro, devem esperar também que um macho apareça para a cópula. Depois do ingurgitadas, voltam à primeira etapa do processo: a desova e, em sequência, a morte.
Esse processo todo acontece ao longo de um ano. Cada período, assim como seu clima seco ou mais úmido, propicia a proliferação de cada etapa de vida dos carrapatos-estrela.
São seres pouco complexos nas suas relações, mas muito coletivos e dependentes do grupo para a sobrevivência. Quando ainda são larvas, necessitam da presença dos outros filhotes para ter mais chances de encontrar um hospedeiro. Esse comportamento de aglomeração é chamado de “bolinhos de larva”.
Outra curiosidade é que os carrapatos não ficam somente à espera do hospedeiro. Em muitos casos, apresentam grande mobilidade para fazer uma busca ativa, andando pelo solo na procura de animais.
Na maior parte das vezes, essas buscas dão resultado. A explicação está em uma estrutura presente nos carrapatos chamada Órgão de Haller, responsável pela detecção de hospedeiros por meio de quimiorreceptores localizados na extremidade do primeiro par de pernas.
Carrapatos, de uma maneira geral, podem transmitir inúmeras doenças. Isso acontece porque ao longo de suas vidas se alimentam do sangue de diversos animais. Se esses bichos carregam bactérias, os carrapatos podem ser infectados.
A partir desse momento, o ciclo de transmissão acontece: um carrapato que recebeu uma bactéria de um animal infectado torna-se transmissor. Logo, ao morder novas presas, é responsável por passar aquela bactéria ao seu hospedeiro.
É o que acontece com o carrapato-estrela, um dos principais transmissores da febre maculosa, doença infecciosa que atinge seres humanos e diversos outros animais, inclusive nossos pets.
Por intermédio da bactéria Rickettsia Rickettsii, a doença pode se instalar e apresentar formas clínicas leves até mais graves, caso não receba o cuidado e tratamento devidos.
Saiba que a doença apresenta um alto índice de letalidade: entre 2012 e 2022, a febre maculosa levou 753 pessoas à morte só no Brasil.
Após a mordida do carrapato-estrela, demora mais ou menos duas semanas para os sintomas aparecerem.
Sensações comuns são febre, dores musculares e indisposição, o que se assemelha a inúmeras outras enfermidades. É aí que está o problema: muitas pessoas acreditam não se passar de uma gripe ou uma virose qualquer, demorando para buscar intervenção médica.
Os demais sintomas são:
O mesmo vale para os nossos amigos peludos. No caso deles, indisposição e falta de energia, perda de apetite, manchas na pele, vômitos, convulsões e dificuldade na respiração são indícios fortes da febre maculosa.
Por isso, para quaisquer desses sintomas, vá ao veterinário o quanto antes. Leve informações de vacinação do pet, assim como os locais que ele passeou nas últimas semanas e o ambiente que ele vive.
Sim! Apesar de grave, a doença tem cura e pode ser tratada por meio de antibióticos. Mas para isso é necessário que a notificação seja feita a tempo, uma vez que a infecção pode iniciar somente quatro horas após a mordida do carrapato-estrela.
O tratamento dura em média sete dias e pode ser prorrogado a depender do estado de saúde da pessoa ou do pet.
Nossos amigos de quatro patas adoram dar passeios para sentir novos cheiros, experimentar novos sabores, ouvir novos sons ou até mesmo encontrar outros pets para brincar.
O carrapato-estrela, infelizmente, não tem nada a ver com isso e pode usar seu bichinho de estimação como hospedeiro.
Geralmente, os animais mais acometidos por esses “invasores” são antas, cavalos e capivaras, mas todo cuidado é pouco. Se o seu cãozinho ou felino passeou por regiões rurais ou de muito mato, pode ser que ele tenha carregado o carrapato-estrela para a sua casa.
Existem algumas práticas que podem ajudar a evitar a infestação de carrapatos-estrela. O ideal, antes de tudo, é saber que esses parasitas não são vilões. Apesar de serem causadores de inúmeros problemas, eles têm uma função ambiental importante.
Pesquisadores do Instituto Butantan, por exemplo, constataram que a saliva do carrapato tem propriedades anticoagulantes e antitumorais, podendo impedir a coagulação sanguínea em humanos.
Para conter a presença dos carrapatos-estrela, é fundamental tomar alguns cuidados.
Se o quintal da sua casa tem mato alto, muitos objetos abandonados ou fica na zona rural, se atente a presença desses parasitas. Sempre que estiver dentro de um espaço de mata, use calças que cubram toda a perna, blusas, chapéus e meias.
Se você já sabe como identificar o carrapato-estrela, crie o costume de verificar a cada duas ou três horas se algum carrapatinho grudou na sua roupa ou pele.
Caso isso tenha acontecido, saiba como fazer a extração correta. Neste vídeo do canal Sikana Brasil há uma explicação bem simples sobre como fazer.
Sempre saia protegido com algum repelente, principalmente se a sua aventura for em alguma região de mata. O ideal é que ele seja à base da substância Icaridina, que é conhecida pela eficácia no combate contra insetos e aracnídeos.
Opte por roupas claras, para que fique mais fácil identificar algum carrapato grudado. Prefira colocar a meia em cima da calça e usar botas de cano médio ou alto. Quando chegar em casa, ferva tudo o que usou.
A recomendação é ficar de olho nos passeios do seu pet e, sempre que possível, passar a mão nos pelos para identificar qualquer presença do invasor.
Monitore também a saúde física dele. Constate se ele está com energia baixa, com tosses exageradas ou se há perda do apetite, principalmente se for alguma comida que ele sempre teve prazer em comer.
A regra de ouro é nunca deixar seu pet desprotegido. Há diversos tipos de remédios para carrapatos em cachorros e outros animais, o que diminui muito as chances dele ser infectado com alguma doença.
Aqui na Tudo de Bicho existem muitos tipos de medicação para prevenir a presença de pulgas e carrapatos, inclusive os do tipo estrela. De comprimidos e pipetas a coleiras e sprays, você com certeza vai encontrar a melhor opção para o seu amigo peludo!
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Jornalista, escritor, viajante e curioso por — e pela — natureza. Escreve para a Tudo de Bicho desde 2023.
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Cachorro
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Adorei as informações. Muito esclarecedor. Por mais informes como esse sempre, afinal cuidar de nossos bens de quatro patas, e de nós mesmos é fundamental. Gratidão!